segunda-feira, 23 de maio de 2016

Dumbo

Sobre fazer cinema: e se a gente focasse mais em sentir uma história do que contar uma história? To brisando bastante aqui e na minha cabeça tá batendo a frase " Penso logo existo , sinto logo vivo "

Talvez um bom exemplo sobre esse foco em expressar mais o sentimento do filme do que apenas na estrutura de roteiro é a animação da Disney "Dumbo" de 1941.



É incrível como personagens figurantes que nem ao menos mostram o rosto, como no caso dos operários do circo, chegam a ter canções próprias, mas quem carrega a carga dramática e gera maior simpatia , Dumbo e sua mãe, são justamente os únicos que não tem uma fala se quer no filme.



Cenas como essa é que considero indispensáveis em um filme. Ela não conta uma história, ela compartilha um sentimento:



E porque o foco foi construir esse laço maternal, é de partir o coração quando ele visita a mãe que está presa :



Não quero diminuir a importância de um roteiro bem estruturado, mas não acho que um filme deva sacrificar uma narrativa que permite o público sentir o que o personagem sente em prol apenas de contar uma história com arcos, plot twist, punchlines e jornada do herói. É claro que tudo isso é importante e entretém , mas se o público não está vivendo o drama com os personagens, se não dá tempo de trabalhar os sentimentos e motivações deles, acaba se tornando só uma sequência de informações cheia de barulho, movimento e cores que corre muito o risco de, por mais que tenha ideias incríveis, a gente acabe se entediando e caindo na decepção =(

Vou finalizar com as palavras da Eliza Doolittle em "My Fair Lady" 

"Sing me no song, read me no rhyme 

Don't waste my time, show me "